domingo, 2 de março de 2014

Chimpanzé: o surgimento da cultura com o uso do polegar


Chimpanzé (Pan troglodytes). No início do século 20, havia entre 1 milhão e 2 milhões deles; hoje restam menos de 300 mil. A derrubada de florestas, a caça pela carne e doenças transmitidas pelos humanos colocam os chimpanzés na lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês) como espécie ameaçada de extinção.
Se você precisa se mover entre as copas das árvores, duas habilidades são extremamente importantes: a aptidão para julgar distâncias e a capacidade de se agarrar em galhos. Mãos dotadas de um polegar opositor e um par de olhos voltados para frente resolvem o problema. Essas características, presentes em aproximadamente 200 espécies de primatas (incluindo chimpanzés e nós), foram essenciais para o desenvolvimento de um cérebro maior e, posteriormente, da cultura.
Na semana passada assisti ao documentário da Disney Nature Chimpanzé. A história narra a trajetória de Oscar, um filhote que perde a mãe e passa a enfrentar os desafios da vida sozinho em seu grupo.
Uma cena me chamou a atenção: o grupo de Oscar utilizam castanhas como o principal alimento. Para quebrá-las é preciso escolher uma pedra com o tamanho ideal. Se for muito grande a semente será destruída no impacto, se for pequena demais a casca não será quebrada. Com o tempo, Oscar vai aprender que é importante guardar sua pedra, pois se algum outro membro do bando estiver nas redondezas, ele irá roubá-la sem nenhum constrangimento.
Agora imagine um outro grupo de chimpanzés que encontram cupins em abundância. Eles precisam desenvolver outra técnica para fazer uma boquinha: Quebram um galho e tiram todas as folhas até formarem uma espécie de vara. Então colocam o apetrecho dentro do cupinzeiro. Os insetos, na tentativa de proteger seu ninho, sobem no pedaço de madeira e começam a morder. Essa é a hora do macaco tirar seu espeto de cupim e saborear a refeição.
O surgimento do polegar abriu um novo mundo para os primatas. Agora eles eram capazes de usar e fabricar instrumentos. Na foto, chipanzés adultos coletam cupins utilizando uma espécie de vara. Um filhote observa a técnica que será essencial para a sua sobrevivência – Foto: Anup Shah/Digital Vision
A manipulação de objetos com os dedos das mãos pode parecer uma atividade simples, mas é uma tarefa extremamente complexa e requer um mecanismo de controle elaborado. A produção de imagens a partir de dois olhos para gerar a visão binocular (capaz de perceber profundidade) requer um circuito capaz de integrar o que você está vendo com o que pretende fazer.  Assim, para analisar e investigar pequenos objetos é preciso uma coordenação perfeita entre os olhos e as mãos.
Durante a evolução dos primatas se observou o crescimento do córtex cerebral, área responsável pela coordenação de movimentos complexos, pelo processamento da informação visual e, entre outras funções, pelo aprendizado.
Técnicas elaboradas, como as que citamos acima, são descobertas por um único chimpanzé e depois são copiadas pelo restante dos membros do grupo que, posteriormente, ensinam seus filhotes. É por isso que chimpanzés precisam passar os primeiro cinco anos de vida aprendendo tudo com a mãe: quais frutos são comestíveis, onde achá-los, como prepará-los de forma correta, como caçar, onde dormir e tudo o que é necessário para a sobrevivência na selva.
O filhote de chimpanzé passa os primeiros cinco anos de sua vida com a mãe, aprendendo todas as técnicas necessárias para a sobrevivência na selva – Foto: Anup Shah/Digital Vision
Porém, cada grupo de chipanzés vive em uma parte da floresta e enfrenta problemas diferentes, que exigem soluções diferentes. Assim, cada bando terá um arsenal de técnicas distintas, criadas a partir dos recursos disponíveis em seu habitat. É como se cada clã tivesse uma espécie de cultura passada de geração em geração.
Um cérebro maior possibilitou o início de uma nova relação com o ambiente. Os macacos passaram a usar e fabricar ferramentas. Tornaram-se capazes de aprender e de passar o conhecimento adquirido para as novas gerações, possibilitando o surgimento de culturas primitivas.

Os primatas que utilizam essas habilidades hoje estão repetindo o processo que outro braço de sua família começou, há 20 milhões de anos atrás, na África. Foi esse grupo que deixou a vida nas árvores, começou a andar em pé e desenvolveu talentos capazes de explorar o mundo de uma forma que nenhuma espécie havia feito antes. Foram eles que deram origem a nós.
A vida em sociedade também é importante na formação da culutra dos Chimpanzés. Uma das atividades diárias desses primatas é a retirada de parasitas dos companheiros. Cada grupo tem uma maneira de sinalizar que precisa de uma limpeza. Nas montanhas Mahale, Tanzânia, eles apertam as mãos. Em Gombe descansam um dos braços em um galho. Em outras partes da África viram de costas – Foto: Tom Brakefield/Stockbyte
http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/curiosidade-animal/chimpanze-o-surgimento-da-cultura-atraves-do-polegar/

GRUPO:KHALIL

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